O que visitar

A Serra de São Mamede é a mais elevada região montanhosa do Alentejo. A sua reserva natural, o Parque Nacional da Serra de São Mamede, cobre cerca de 55000 hectares no extremo nordeste da área, ao longo da fronteira com Espanha. A convergência do clima de tipo atlântico das suas zonas mais elevadas, caracterizadas por picos graníticos e afloramentos de quartzite e xisto, com o clima mediterrânico das planícies cobertas por culturas de cereais e matas de carvalhos proporciona o desenvolvimento de uma incrível diversidade de vegetação e vida selvagem.

 

No parque podem encontrar-se mais de 800 espécies de plantas. Em largas áreas da serra dominam as matas de carvalhos e sobreiros, e manchas de castanheiros plantados, para além de olivais; as flores selvagens abundam na primavera e no início do verão.

 

Os javalis, os veados, as raposas, e as ginetas ainda deambulam pelo território, e dentro dos seus limites é possível avistar lontras, o Rato de Cabrera (o único roedor endémico da Península Ibérica), o Lince ibérico, a até uma pequena população do Lobo ibérico. Répteis e anfíbios, como a Rã ibérica e o Sapo-parteiro-ibérico, vivem nos muitos cursos de água do parque.

 

No que respeita às aves, o parque alberga mais de metade das espécies que se reproduzem em Portugal, incluindo as cegonhas branca e preta, muitas aves de rapina, abelharucos, e tantas outras. Falcões, a ameaçada Águia de Bonelli (o símbolo do Parque Natural) e os abutres do Egipto são avistamentos comuns. A área abriga ainda a maior colónia de morcegos da Europa.

 

Mas a região tem muito mais para ver. A poucos quilómetros de Marvão, em São Salvador da Aramenha, na direção de Portalegre, é possível visitar a Cidade Romana de Anmaia, provavelmente fundada pouco anos depois da romanização da Península Ibérica. O conjunto, classificado como Monumento Nacional deste 1949, inclui parte da via romana, bem como a denominada Ponte Velha, sobre o rio Sever.

 

A gruta dos Louções, na serra do mesmo nome, no limite sul do Parque Natural, faz parte de um conjunto de abrigos cobertos por pinturas rupestres. Estas, constituindo um património arqueológico de valor inestimável, são na generalidade monocromáticas, em tons de vermelho, reproduzindo silhuetas antropomórficas e zoomórficas, desenhos de mãos e outros sinais, em traços esquemáticos. Junto a esta gruta destaca-se na paisagem uma enorme formação quartzítica, natural, que parece reproduzir a silhueta de uma cara humana. 

 

As Marmitas de Gigante são depressões, mais ou menos arredondadas, existentes no leito rochoso de alguns rios, aparentemente aplanadas pela abrasão de fragmentos rochosos movimentados pelos fluxos turbulentos das águas. Algumas destas depressões, originadas no último período glaciar, podem ser vistas no leito granítico da ribeira de Galegos, à entrada da pequena povoação com o mesmo nome.

 

 A capela tardo-quinhentista de Nossa Senhora da Penha, implantada num afloramento rochoso no cimo da Serra de São Mamede, e antecedida por um longo escadório, é um miradouro privilegiado para observar a vila de Castelo de Vide e toda a sua envolvência. É igualmente um ponto privilegiado para a observação de aves, nomeadamente rapinas, que a sobrevoam regularmente.

 

Castelo de Vide, povoação acastelada que já assumia importância regional na época romana, preserva no interior das suas muralhas um património notável arquitetónico composto por templos, fontes, casas apalaçadas, labirínticas ruelas medievais com casas caiadas de branco, portais góticos, e uma interessante Judiaria onde se conservam vestígios da antiga sinagoga.

 

O castelo de Marvão, construído entre os séculos XIII e XVII, ergue-se no topo de um dos pontos mais elevados da Serra de São Mamede, numa escarpa rochosa que forma um ponto de defesa natural. Esta joia medieval é uma das mais belas e autênticas vilas do Alentejo, e foi incluída no livro 1000 Places to see Before you Die (“1000 lugares para ver antes de morrer”) do New York Times. As suas vielas estreitas, onde se alinham pitorescas casas brancas, proporcionam vistas espetaculares para a paisagem que se espraia à sua volta. O Museu Municipal, que inclui espólios de Arqueologia e Arte Sacra, merece também uma visita.

 

 Em 2014, e sob a direção artística do maestro alemão Christoph Poppen, foi aqui lançado o Festival Internacional de Música Clássica de Marvão, que pretende trazer em cada ano, no mês de Julho, músicos de nível mundial a esta vila única.

 

As vistas deslumbrantes do Parque Natural que se tomam a partir das muralhas de Alegrete são apenas uma das razões porque deve visitar o castelo do século XV e o pequeno centro histórico desta vila pacata, um local perfeito para conhecer a face mais ignorada e menos turística do Alentejo.

 

A região de Castelo de Vide é ainda rica em monumentos megalíticos, oferecendo aos visitantes mais de 50 vestígios destas tipologias. Depois de visitar o Centro de Interpretação do Megalitismo, em Castelo de Vide, parta em direção à Anta da Melriça, ao Parque Megalítico dos Coureleiros e, claro, ao Menir da Meada, o mais impressionante monumento megalítico da região de Castelo de Vide e o maior menir totalmente talhado pelo homem em toda a Península Ibérica. Com cerca de 4 metros de altura a partir do solo, 7,15 m de comprimento total e um diâmetro máximo de 1,25 metros, este menir ilustra de forma singular a importância da região na época pré-histórica.

 

O menir dista cerca de 11 quilómetros de Castelo de Vida, implantando-se junto da vila de Póvoa e Meadas, a partir da qual se pode alcançar a Barragem da Póvoa, a segunda maior albufeira do distrito de Portalegre e a primeira central hidrelétrica a ser construída em Portugal, no ano de 1927. O lago cobre uma área de cerca de 236 hectares, sendo rodeado por matas de carvalhos que sustentam vários habitats naturais de grande importância ambiental. É um local excelente para nadar, pescar e praticar diversas outras atividades de ar livre; o seu potencial turístico estende-se, como já vimos, às dezenas de monumentos arqueológicos e etnográficos que podem ser visitados nas redondezas, e é ainda um ponto de observação privilegiado da fauna local, incluindo a rara Cegonha-preta, vários anfíbios, répteis, e até a Lontra-europeia.

 

Durante o verão, e para além da barragem, pode-se ainda dar um mergulho nas piscinas fluviais da Portagem (de acesso gratuito), uma pequena vila situada no vale aos pés de Marvão, onde se pode também ver uma ponte romana; ou então, nas águas límpidas das cascatas da Rabaça e do Monte Sete, na localidade de São Julião.

 

Para quem aprecia as caminhadas, o mais elevado pico montanhoso da região é o Pico de São Mamede, que se eleva a 1025 metros, e cujo topo pode ser alcançado com uma caminhada de esforço moderado. Existem ainda vários trilhos para passeios a pé ou de bicicleta, bem identificados dentro dos limites da Serra de São Mamede, com mapas disponíveis nos postos de turismo locais ou na Quinta dos Olhos d’Águia (São Salvador de Aramenha), onde funciona a receção do Parque Natural. Os passeios de Marvão (8 kms), Galegos (11,5 kms), Alegrete (11 kms) e Esperança (16 kms), todos acessíveis a qualquer caminhante em razoável condição física, proporcionam, em conjunto, uma boa ideia da paisagem do Parque, e os dois últimos podem ser feitos em bicicletas de montanha. O município de Castelo de Vide também criou vários circuitos a partir da vila. Para os ciclistas, as estradas municipais e os caminhos secundários, apesar de não disporem de pistas próprias, são excelentes para passeios de bicicleta.

 

Outras atividades possíveis na região incluem o geocaching, a escalada (nas Penhas de Portalegre, onde se situam as únicas paredes equipadas autorizadas nesta área protegida), o parapente e a asa delta (em Castelo de Vide e Porto da Espada) ou a equitação (no Picadeiro da Amieira).

 

Ligações

 

Visit Po rtugal - Roteiros para download, em diversas línguas. Inclui o roteiro O Melhor do Alentejo.