Observação de aves

Portugal tem muito para oferecer a observadores de aves e ornitólogos, tanto no que respeita a aves residentes como a espécies migrantes. Muitas das aves mais procuradas na Península Ibérica, tais como a Abetarda, a Pega-azul, o Cuco-rabilongo ou a Águia-calçada, podem ser avistados em Portugal, juntamente com muitas aves canoras e outros passeriformes. As espécies mais emblemáticas do Alentejo incluem a Abetarda, o Sisão, o Alcaravão, o Tartaranhão-caçador, a Águia de Bonelli, o Mocho-pequeno-d'orelhas, o Caimão, o Peneireiro-cinzento e a Pega-azul, entre tantas outras.

 

Observação de aves no Alentejo


A região do Alentejo compreende cerca de um terço de Portugal continental, estendendo-se do Rio Tejo até ao Algarve, e da Costa Atlântica em direção à fronteira com Espanha. Este extenso território, escassamente povoado e essencialmente rural, possui paisagens únicas, conjugando planícies onduladas com matas de sobreiros, vinhas, oliveiras e suaves áreas montanhosas com pitorescas povoações de casas brancas.

 

Surpreendentemente, a incrível diversidade de aves que aqui habitam ainda atrai poucos interessados, embora os seus cantos se façam ouvir ao longo de todo o ano. A primavera, entre março e maio, proporciona experiências memoráveis, quando os verdes campos se tingem de manchas de florinhas silvestres carmins, azuis, roxas e amarelas, atraindo inúmeros insetos e aves; na verdade, poucos locais na Europa rivalizam com o Alentejo no que respeita às migrações primaveris.

 

No entanto, o outono e o inverno são igualmente bons períodos para observar aves. Muitas espécies vindas de latitudes mais setentrionais passam aqui o inverno, entre outubro e fevereiro. No interior podem então ver-se grandes bandos de abibes, pombos-torcazes e tarambolas-douradas, enquanto nas salinas e arrozais do litoral abundam as aves costeiras e marinhas.

 

Sugestões de roteiros

 

Portalegre - Castelo de Vide - Marvão

 

O Parque Natural da Serra de São Mamede é a mais elevada área montanhosa do Alentejo. O inverno e a primavera são as melhores épocas para observar aves nesta região, e as matas de castanheiros em torno da vila medieval de Marvão proporcionam um recurso valioso para muitas espécies, incluindo o Rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus), o Rabirruivo-preto (Phoenicurus ochruros), o Estorninho-preto (Sturnus unicolor), a Cotovia-arbórea (Lullula arborea), a Andorinha-daúrica (Hirundo daurica), o Chapim-de-poupa (Parus cristatus), o Chapim-carvoeiro (Parus ater), a Trepadeira-azul (Sitta europaea), o Lugre (Carduelis spinus), o Pintarroxo-comum (Carduelis cannabina), a  Cia (Emberiza cia), o Trigueirão (Emberiza calandra), o Pardal-montês (Passer montanus), o Pardal-francês (Petronia petronia), o Pica-pau verde (Picus viridis), o Pica-pau malhado grande (Dendrocopos major), o Pica-pau malhado pequeno (Dendrocopos minor) e a Perdiz-vermelha (Alectoris rufa).

 

A cidade de Castelo de Vide também é um ponto de observação interessante, abrigando no centro histórico uma colónia de Andorinhões-pretos (Apus apus) e alguns Andorinhões-pálidos (Apus pallidus), para além da Andorinha-dos-beirais (Delichon urbica). O melro-azul (Monticola solitarius) e o Rabirruivo-preto (Phoenicurus ochruros) podem ser avistados nas muralhas do castelo. Nos campos que rodeiam a cidade é fácil encontrar o Chamariz (Serinus serinus), o Pintassilgo (Carduelis carduelis), e mesmo o espantoso Abelharuco (Merops apiaster). Nas planícies, as espécies presentes incluem o Rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus) e o Papa-figos (Oriolus oriolus).

 

Em torno da capela da Senhora da Penha, numa paisagem dominada por matas de carvalhos e castanheiros, é possível avistar a Trepadeira-azul (Sitta europaea), o Chapim-de-poupa  (Parus cristatus), o Pica-pau malhado pequeno (Dendrocopos minor) e o Gaio-comum (Garrulus glandarius), e o miradouro é um ótimo lugar para ver diversas aves de rapina, incluindo a Águia-calçada (Hieraaetus pennatus), para além de aves como o melro-azul (Monticola solitaries) ou a noturna Coruja-do-mato (Strix aluco).

 

A Estrada Municipal 1006 permite explorer os territórios mais a norte, atravessando areas cultivadas e matas de carvalhos onde é possível avistar muitas espécies, como a Cotovia-arbórea  (Lullula arborea),  a Trapadeira-azul (Sitta europaea), o Chapim-real (Parus major), o Tentilhão (Fringilla coelebs), a Pega-rabuda (Pica pica), a Pega-azul (Cyanopica cyanus), o Cuco-rabilongo (Clamator glandarius), a Gralha-de-nuca-cinzenta (Corvus monedula), o Pica-pau malhado pequeno (Dendrocopos minor), o Papa-figos (Oriolus oriolus),  o Trigueirão  (Emberiza calandra), o Peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus) ou a Águia-cobreira (Circaetus gallicus).

 

A não perder no Alentejo

 

A Costa Alentejana, uma faixa quase contínua de falésias e praias semi-desertas, abriga uma das poucas colónias de cegonhas-brancas do litoral português; assistir à sua nidificação no topo dos rochedos que mergulham a pique no mar do Cabo Sardão, salpicados pelas ondas que rebentam muitos metros mais abaixo, é uma experiência inesquecível.

 

No coração do Alentejo, a diversidade e abundância das aves estepárias é responsável pelo estatuto da Zona de Proteção Especial de Castro Verde, a mais representativa área de estepe em Portugal, abrigando mais de 80% da população nacional da Abetarda (Otis tarda) e 70% da população reprodutora do Peneireiro-das-torres (Falco naumanni). Esta ZPE alberga também importantes populações de Cortiçol-de-barriga-negra (Pterocles orientalis), Calhandra-real (Melanocorypha calandra), Alcaravão (Burhinus oedicnemus) e Tartaranhão-caçador (Circus pygargus), e é uma área de reprodução da Águia-de-Bonelli (Aquila fasciata), bem como a principal área de reprodução do Rolieiro (Coracias garrulus) em Portugal.

 
Durante o inverno, encontram-se nas planícies de Castro Verde importantes densidades de Grous (Grus grus), Abibes (Vanellus vanellus), Tarambolas-douradas (Pluvialis apricaria) e Lavercas (Alauda arvensis). Há ainda uma presença regular de aves de rapina invernantes como o Milhafre-real (Milvus milvus) e o Tartaranhão-azulado (Circus cyaneus). Os pousios e pastagens são zonas importantes de alimentação para o Abutre-preto (Aegypius monachus), Grifo (Gyps fulvus), Águia-imperial (Aquila adalberti) e Águia-real (Aquila chrysaetus).

(Fontes: www.lifeesteparias.lpn.pt; www.avesdeportugal.info; fatbirder.com). 

 

Ligações

The Joys of Birding in Portugal - «As a birding destination, Portugal has been greatly neglected (...) which is too bad, because Portugal has a lot to offer, especially for birders» (texto em inglês).

 

Visit Portugal Birdwatching -  Sshowing «the richness of Portugal as a birdwatching and bird photography destination» (texto em inglês).

 

Birds & Nature Tours Portugal - Birds and birding tours (alguns textos em português).


Aves de Portugal – Tudo sobre aves em Portugal.


Fatbirder – Ligando observadores de aves em todo o mundo (alguns textos em português).

 

Lifeesteparias - Projeto de conservação da Abetarda, do Sisão e do Peneireiro-das-torres nas estepes cerealíferas do Baixo Alentejo.